Da série "Perguntas feitas por pais e mães":
2. Como lidar com a frustração dos adolescentes ? (Ah! mas quando é fruto de incumprimento de regras ou de restrições)
- Não podes!
- Porquê?!!!!
- Porque não!!
Esta interação é-lhe familiar?
Também lhe acontece?
Talvez seja melhor perguntar – Quantas vezes lhe acontece? Certo?
Ou melhor, há uma parte que é suposto e outras que talvez possa evitar...
O que é suposto acontecer??
- É suposto, enquanto adolescente, querer fazer mais, explorar mais, arriscar mais.
E por isso, é suposto pedir para fazer coisas que não parecem razoáveis.
- É suposto, enquanto pai/mãe, não dar conta que o/a seu/sua filho/a está a crescer.
E, por isso, considerar que esse pedido não é razoável.
- É suposto, enquanto adolescente, querer mais autonomia e considerar que já é capaz de lidar com os “perigos” da vida e de tomar decisões.
E, por isso, ficar frustrado/a quando esbarra com limites.
- É suposto, enquanto pai/mãe, ficar preocupado/a com os riscos e o impacto dessas decisões.
E, por isso, ficar frustrado/a quando tem que dizer que não mais do que uma vez.
O que pode evitar?
Antes de avançarmos por aí, importa explicar o motivo porque o deve fazer.
Como seres humanos estamos sempre a criar sentido e significado ao que nos acontece. Se não conseguirmos pela lógica, inventamos uma história, imaginamos um motivo. É esta capacidade criativa que nos permitiu criar a arte, a religião, a cultura toda, na verdade. Mas é também esta habilidade que nos leva a ficar presos a mal-entendidos e a não conseguir sair de situações de conflito.
Quando sabemos porquê, ficamos mais tranquilos (mesmo que seja mau). Quando não sabemos, inventamos!
Na relação com o/a seu/sua adolescente, quanto mais decisões deixar por clarificar, mais espaço vai deixar para que ele/ela imagine e, por isso, para que cresçam mal-entendidos e conflitos.
Pode então evitar o quê, precisamente?
- dizer “porque sim!”, ou “porque não!”.
Se não clarificar o motivo, do outro lado será criado e pode ser desde “a minha mãe é uma chata!”, ou “o meu pai só pensa nele!” ou até “os meus pais não percebem nada do que é ser adolescente!”, ou pior “não adianta que me esforce tanto, eles não vão reconhecer nunca”.
- que os pedidos sejam pouco razoáveis.
Antecipe ao máximo e planifique em conjunto o que pode acontecer nos próximos dias ou semanas. Deixe espaço para que haja autonomia da parte deles, dentro dos seus limites de segurança.
- cortar a comunicação.
Virar as costas a um conflito (e nunca mais ali regressar) vai apenas agravar o seguinte. Depois de ambos acalmarem, volte ao assunto e ouça e explique.
Por esta ordem.
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