Sábado de manhã. Acordo e encontro as minhas duas filhas na sala a ver TV. Percebo que já estão ali há quase duas horas e anuncio … “vamos tomar o pequeno-almoço, por isso desliguem lá a TV”.
Elas (naturalmente) arrastam-se e prolongam um tempo que poderia ser de 5 minutos para sei lá quanto!!
Reforço … “vamos lá meninas. Tu tens que estudar e a mana tem que ir ao volley.” Resposta …”já vamos”. Para encurtar a história… tudo acabou com um ralhete e um sermonete!
A certa altura perguntava à mais nova (9 anos) … “O que é que é mesmo importante para a mamã?” Lá debaixo dos olhinhos pequeninos oiço: “os abraços”!
O óbvio seria eu continuar esta história e escrever aqui os 6 passos, ou 7 ou 8, com sugestões ou recomendações para estar mais tempo com os seus filhos e esquecer as tarefas, e ter mais “tempo de qualidade” e etc, etc…
O menos óbvio, pelo menos para mim, será pensar nesta história como um exemplo de dificuldades na comunicação.
De alguma forma, bem eficaz até, eu consegui mostrar às minhas filhas que os abraços são importantes para mim, como momentos de contacto, de intimidade, de carinho, de suporte.
O que eu não consegui foi mostrar a importância que tem para mim estarmos todos sentados de manhã a tomar o pequeno-almoço, sobretudo ao fim-de-semana. De alguma maneira, consideravam isso uma rotina, mais uma coisa para fazer, mais uma obrigação!
Só que não era! Para mim é um momento de prazer que eu queria partilhar com elas. E até àquele momento não tinha percebido que nunca lhes tinha explicado isso. Vivia aquele momento só para mim. Ficava feliz quando acontecia e triste quando não acontecia. E elas eram totalmente ignorantes em relação a isso.
Sejam os abraços, o pequeno-almoço, os trabalhos de casa, ou o quarto arrumado, o que interessa mesmo é dizer-lhes que isso é importante para si!
Comments