“Vem aí um carro!”
“Olha o semáforo!”
“Estão a travar!”
É pouco provável que, sendo condutor há algum tempo, nunca tenha ouvido algumas destas exclamações (ou outras semelhantes) do seu copiloto.
E será ainda mais improvável que não tenha sentido alguma irritação, ou pelo menos desconforto, ao ouvi-las.
Apetece logo dizer … “Eu sei!! Eu também consigo ver!” Ou talvez pior … “Queres levar tu o carro?’”
A condução de um carro é uma tarefa de alguma complexidade que obriga a agilidade mental (atenção a detalhes, evocação de regras) e física (coordenação, prontidão). Muitas dessas ações estão (felizmente) automatizadas pela prática, mas sobretudo pela perceção de controlo e de competência própria.
Quando alguém – o copiloto – chama a nossa atenção para algum elemento (maior ou menor), a nossa ação é trazida para o consciente.
Em situações de perigo iminente, ainda bem que temos um copiloto.
Mas nem todas as situações são de perigo iminente, pois não? Aliás a maior parte são situações bastante corriqueiras, não é?
Qual é o perigo, então?
O perigo é que ao sermos este tipo de copiloto, estamos a transferir o centro de decisão para nós e a esvaziar o do condutor que é quem tem de facto o poder de alterar o curso de ação. Isso traz insegurança, confusão, e um estado de alerta que pode facilmente conduzir … ao desastre.
… e se fosse na escola?
Mudemos agora o cenário da estrada para a mesa de jantar ou para a sala de aula. E troquemos o condutor experiente pelo adolescente ou pelo aluno que conduz pelas ruas e vielas da sua autonomização ou da sua aprendizagem.
Mudemos o cenário por uns minutos.
É agora mais fácil perceber porque é que os vemos a resistir, a reclamar, ou pior … a desistir?
Photo by Victoria Bilsborough on Unsplash
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