“Às vezes vejo uma menina no recreio e eu não sou daquelas que vou lá e estou sempre a perguntar – “Estás bem? Estás bem? O que tens?
Eu digo, “Olha, se calhar queres estar sozinha e não queres falar. Mas se quiseres podes vir ter comigo”.
Trabalho há mais de duas décadas e ainda me surpreendo quando ouço uma menina de 12 anos dizer coisas assim. Ainda por cima sem esforço, naturalmente. É assim a Sofia.
De acordo com uma meta-análise publicada por Julianne Holt-Lunstad em 2015, a falta de conexão social ou a solidão podem aumentar os riscos de saúde tanto como qualquer outro fator de risco (ex.: fumar, obesidade, ausência de atividade física).
A solidão é olhada cada vez com mais interesse e não apenas pela investigação na psicologia. O aumento do número de pessoas a viver e a morrer sozinhas aumentou de forma assustadora nos últimos anos. E esse fenómeno chamou a atenção dos agentes políticos.
Por exemplo, em 2018 o Governo do Reino Unido na liderança de Theresa May criou o Ministério da Solidão com o propósito de criar medidas de combate ao que passou a ser considerado um problema de saúde pública e não apenas uma condição individual ou até mesmo social.
Os últimos dois anos de pandemia parecem ter amplificado este fenómeno. Por exemplo, de acordo com dados de um relatório do Joint Research Centre da Comissão Europeia publicado em 2021, o número de jovens com idades entre os 18 e os 25 anos que diz ter-se sentido sozinho quadruplicou logo nos primeiros meses da pandemia.
O que me preocupa ainda mais, a mim pessoalmente, não é tanto que as pessoas se tenham sentido sozinhas, ou isoladas. Mas mais que as pessoas se tenham habituado a isso.
Comentarios