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Parar, pensar e Pedir Ajuda

Recentemente, numa sessão de formação sobre gestão de conflitos com professores falávamos sobre comportamentos agressivos em contexto de escola e de como esses comportamentos são corrosivos e contaminam de forma muito negativa as relações entre alunos e entre estes e os professores (por vezes até mesmo entre os professores).


Nada de novo, portanto. Este é um dos assuntos mais mencionados em todas as conversas relacionadas com a escola.


Então, porque vale a pena falar disso outra vez?


Porque com este grupo de professoras fomos mais além do que apenas falar do assunto!


Começamos por, em conjunto, fazer uma (muito breve) descrição do que acontece, respondendo a algumas questões:


Por que existem estes comportamentos agressivos ou de agressão?


Algumas respostas incluíram:

o contexto (a escola fica em Território Educativo de Intervenção Prioritária);a falta de modelos positivos (famílias destruturadas ou ausentes);a procura de estatuto (os alunos mais agressivos são os mais respeitados);a fuga do papel de vítima (se antes ou em outros contextos foram vítimas, agora serão agressores).


Como é que esses comportamentos agressivos se manifestam? O que acontece?

Aqui foi necessário dividir. O comportamento agressivo pode ser direto ou indireto. Ou seja, pode ser dirigido diretamente a outra pessoa e assumir a forma de insultos, humilhação ou gozo (verbal) ou rasteiras, empurrões, pontapés ou “cachaços” (físico). Pode também ser indireto quando há por exemplo destruição de material, ou difamação.


E qual é o resultado?

As consequências de quem agride podem ser: afastar os outros, sofrer agressões, provocar mau ambiente. Por outro lado, pode também agregar outros à sua volta e passar a gozar do tal estatuto.


Temos uma descrição. O propósito não era fazer uma descrição teórica exaustiva e científica. O que queríamos era ter uma descrição comum e que traduzisse a experiência daquele grupo em particular.


E foi neste momento que fomos um pouco mais longe! Não ficámos a “rebolar” em todas estas evidências e não acabámos a suspirar “não há nada a fazer”!


Continuámos e encontrámos uma fórmula que pode ser ensinada a qualquer aluno (ou a qualquer pessoa, já agora).


Parar, pensar e pedir ajuda.


Como fazer isto e como ensinar aos alunos dentro ou fora da sala de aula?


Parar: dar um espaço e tempo para repousar. Nesse tempo (e espaço) é importante que o aluno possa ficar no máximo de silêncio possível. Isso inclui não ter que ouvir o professor a dar um sermão sobre o que devia ter acontecido e de como isto não pode continuar e de como ele ou ela até é inteligente e que é um desperdício. SILÊNCIO significa que ninguém fala.

Qual é então objetivo? Diminuir a ativação emocional, retomar os níveis normais do ritmo respiratório e cardíaco. Mais conhecido por acalmar!


Pensar: uma boa estratégia será pedir ao aluno que escreva sobre o que aconteceu, dando-lhe a possibilidade de rasgar no final, guardar para si ou de entregar a alguém na escola.


A escrita organiza o pensamento! Ter que pensar no que se vai escrever é um processo que por ser lento e concreto ajuda a reorganizar a experiência.


Pedir Ajuda: incentivar o aluno a identificar um grupo de pessoas (professores, auxiliares, colegas) a quem poderiam ajudar naquela situação e ajudá-lo a pedir essa ajuda.

Os nossos recursos pessoais são finitos e limitados e conseguir pedir ajuda a outra pessoa, pode simplesmente aumentar a nossa capacidade de resposta em qualquer situação.

Simples demais? Talvez!


Experimentem e contem-nos como foi.


NOTA: Este artigo foi escrito com a preciosa colaboração do grupo de professoras do Agrupamento de Escolas de Vila d’Este que frequentaram a Oficina de Gestão de Conflitos em Contexto Educativo

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