“Antes ia para a sala a pensar nos maus alunos e ficava logo incomodado. Agora decidi pensar nos bons alunos. Sinto-me melhor e acho que até consigo lidar melhor com todos, mesmo com os maus. Comecei a dizer a mim mesmo – eles são todos diferentes. Uns fazem mais depressa outros demoram mais tempo.”
Estas palavras, disse-as um professor durante uma sessão de formação em que falávamos de “arrefecedores”. Ouvi-as surpresa e comovida. Por dois motivos: pelo poder que têm em mudar a dinâmica de uma aula para melhor; e também porque (vá) a certa altura percebi que eu tinha alguma responsabilidade nesta mudança.
Reformular, reinterpretar, reavaliar, dar outro significado … podemos dizer de qualquer forma, mas “se quisermos restabelecer a autorregulação que precisamos de modo a podermos beneficiar do conhecimento e das competências que temos, temos que reenquadrar o estímulo”.
John Cacioppo e outros colegas concluíram desta forma depois de realizarem um estudo engraçado em que apenas por trocarem os rebuçados por números (símbolos) conseguiram que os chimpanzés fossem mais eficazes na sua autorregulação.
Isto é mais fácil de dizer do que fazer. Resistir a uma resposta imediata, sobretudo face a um estímulo negativo, é uma tarefa árdua, mas que está ao nosso alcance graças ao nosso amigo neocórtex.
Só temos que dar algum tempo para a informação chegar ao cérebro.
E o tempo necessário para fazer o caminho a percorrer da sala dos professores até à sala de aula é mais do que suficiente.
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