A Maria João tem 10 anos. Está no 5º ano, estuda música e dança.
Falar com a Maria João é como tomar um banho fresco num dia de muito calor. Apazigua.
Durante uns tempos, eu e a Maria João tivemos um projeto de investigação e exploração das relações entre as pessoas. Como é que as pessoas mostravam que estavam zangadas, como é que expressavam essa zanga, como é que passava, como é que os outros reagiam...
A Maria João observava e depois discutíamos as duas os porquês e as alternativas.
A Maria João acabou por tornar-se mesmo boa a fazer esta observação e ainda mais a discutir comigo essas implicações.
Um dia perguntei-lhe.
“Como que achas que podemos fazer para conseguir estar com alguém de quem não gostamos, ou até que sabemos que não gosta assim muito de nós”!
Para ajudar, contou-me um episódio. (até já entendeu e domina a técnica do storytelling)
“Um dia convidaram-me a mim e a uma amiga para apresentarmos uma dança na turma dos mais velhos. E ficámos super entusiasmadas!!!
Só que o ensaio correu muito mal e ficámos chateadas uma com a outra. Mesmo antes de entrarmos para a apresentação, eu percebi que não ia correr bem.
Então disse-lhe: “Olha! Nós estamos chateadas porque não correu bem o ensaio geral. E se continuarmos chateadas não vamos conseguir dançar bem, e vamos perder a oportunidade de repararem em nós e de termos outras oportunidades, e até de ir a outros países, e de fazermos outras coisas. Vamos fazer as pazes e dançar bem?”
E não é que correu mesmo bem!!!”
A Maria João disse isto tudo de um fôlego a sorrir e os olhos a brilhar.
- Como é que fizeste isso? – perguntei eu?
- Então, primeiro tens que compreender a outra pessoa, depois tens que te acalmar ... e depois ... tens que dizer o que queres que aconteça!
Compreender o outro, acalmar-se e definir os limites!
A Maria João tem 10 anos e já percebeu.
Se calhar, existem mesmo fórmulas mágicas!
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