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“Listen to me very carefully … I shall say this only once!”


Se tem mais de 40 anos (vá ... mais de 35 também é capaz de também dar) é provável que tenha assistido a uma série de humor britânica (relativamente) popular nos anos 1980 – “Alô! Alô!”. Uma série de histórias sobre os malabarismos que o dono (René) de um café em Paris durante a segunda Guerra Mundial tinha que fazer para se manter vivo e o seu café a funcionar. A sua arte a gerir, o café, a mulher, os alemães, os ingleses, as empregadas que queriam ser suas amantes, a Résistance, e ... a sogra.


Há muitos personagens memoráveis nesta série. Há um em particular que eu secretamente admirava. A Michelle da Résistance Française. Chegava sempre de surpresa, vestida com uma gabardina e uma boina, e às vezes de bicicleta. Sempre com pressa e com um sentido de urgência dizia “Listen very carefully, I shall say this only once!”

E desaparecia.


Não me lembrava já do nome dela, mas o personagem e o que ela dizia ficou para sempre guardado.

Ficou para sempre na memória a rapidez e eficácia com que comunicava as suas informações. Porque sempre começava com este aviso, conseguia uma total atenção. Todos paravam para a ouvir.

Simples.

Entrava, avisava que iria falar uma única vez, falava e saía.


Muitas vezes, simplesmente, não estamos nesse estado de total atenção, ou de disponibilidade ou até de interesse e por isso não ouvimos, ou ignoramos ou confundimos.

Agora imagine os miúdos?

Se a nossa mente vagueia e se perde pelo jantar, pelas contas, pela reunião, pela roupa, pelo telefonema ou pelo e-mail. O mesmo acontece a um miúdo, que vagueia pelo tiktok, o minecraft, o teste que correu mal, a professora que foi uma chata, a amiga que não reponde no whatsapp..


Muitas vezes precisamos de um aviso “Ouve com atenção que vou dizer apenas uma vez”. Depois progressivamente já podemos substituir esta frase por uma pausa. E depois, e só depois de ter total atenção, posso dizer ao que vinha.

E desaparecer.


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