Marcelo veio do Brasil para fazer um mestrado em Engenharia Informática na FEUP há mais de uma década. Sorriso fácil, olhos bem abertos de curiosidade, tom de voz suave e calmo e cuidadoso nos gestos. Sempre preferiu observar os outros e aprender com eles, do que mostrar-lhes a sua voz e comandá-los.
Como é muito bom no que faz a sua carreira levou-o à liderança de equipas.
Achou que não estaria preparado. Sentia muita insegurança. Pediu ajuda.
A certa altura perguntava-se:
“Por vezes, sinto que a linha entre a assertividade e a arrogância é muito ténue e podem confundir-se. Qual é afinal a diferença?”
Originalmente a palavra “assertivo” terá significado a ideia de reclamar os próprios direitos ou autoridade. Derivada do latim “assertus”, descreve uma posição firme, de afirmação, de decisão, de segurança.
Algures no tempo a Psicologia terá resgatado este conceito para caracterizar um tipo de comunicação e de acordo com a Infopedia, “assertividade” passou a definir um “conjunto de atitudes e comportamentos que permitem ao indivíduo afirmar-se social e profissionalmente sem violar os direitos dos outros”.
Daqui a confusão. Quando eu reclamo e afirmo os meus direitos com firmeza é fácil parecer arrogante.
Como assegurar então a não violação dos direitos do outro?
A chave pode estar numa outra competência de comunicação que é tão negligenciada – a escuta.
Com atenção e cuidado pelo outro vamos perceber melhor os seus direitos, interesses ou necessidades e teremos por isso mais informação para poder não os violar.
Marcelo respirou de alívio e sorriu.
“Escutar é fácil para mim”
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