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Se fosse eu a decidir

Hoje de manhã a caminho da escola com dois adolescentes no carro – a minha filha e o filho da minha vizinha.

Lá de trás ouço o puto “Se fosse eu a decidir, a escola era só para aprender a escrever. Não tínhamos nada que saber os graus dos adjectivos! Não interessava para nada aquela cena do Euclides, ou lá que é! Ler, escrever, fazer contas e exercício físico e técnicas de sobrevivência! E pronto!


A minha filha ria-se, já conformada com a ideia que a escola nunca poderia ser aquilo e ainda mais porque o amigo sempre foi “diferente”.


Eu entrei em êxtase! Um puto de 11 anos* com ideias revolucionárias sobre a educação e provavelmente sem nunca ter visto as palestras inspiradoras de Sir Ken Robinson.


Eu quis saber mais e perguntei?

- Isso é extraordinário! E então para que precisavas de saber escrever e de fazer contas?


Resposta simples e rápida

- Escrever é importante para socializar, escrever no FB com os amigos e assim! E as contas para quando quisermos comprar uma casa e tivermos que saber quanto mede e assim!


Não tive tempo de explorar a importância do exercício físico e das técnicas de sobrevivência, mas ainda ouvi dizer

“é muito mais importante aprender o que fazer se nos perdermos numa floresta do que aprender inglês!”

Ainda defendi que aprender outras línguas seria importante se quisesse viajar e que seria melhor aprender enquanto era novo porque tinha mais tempo e mais facilidade em aprender.


Não ficou muito convencido! E explicou-me!

- “Não! Porque odeio a minha professora de inglês e por isso também odeio inglês e não consigo aprender inglês”!


Ainda o desafiei a pensar na possibilidade de vir a ser Ministro da Educação e a trazer essas reformas. A minha filha avisou que para isso teria que ser político e que isso era muito difícil.

Ele não concordou – “Só tens que saber mentir”! ainda disse antes de sair do carro


i* Este puto tem agora 17 anos! E eu, tenho saudades destas conversas!


(Photo by Atlas Green on Unsplash)

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