Da série - "Perguntas feitas por pais e mães":
3. Os pais devem controlar o uso do telemóvel (conteúdo, sites visitados, vídeos, tempo de uso) até que idade? E o que proibir? É proibido proibir na adolescência? Como garantir o cumprimento de regras?
Quando nascemos não estamos prontos para sobreviver sozinhos, como a maior parte dos outros animais! Nascemos “inacabados”. Mas é precisamente essa dependência, quase total, durante os primeiros dois ou três anos de vida que nos permitiu atingir outros patamares de desenvolvimento e sofisticação.
Cabe então aos adultos que recebem esses seres “inacabados” a função de garantir a sua sobrevivência.
Mas ao contrário dos outros animais, os nossos filhos não se tornam completamente independentes aos 3 anos. Talvez nem aos 30!
E durante essas quase tês décadas temos que conviver, educar e assegurar todas as condições de vida de uma pessoa que, biologicamente teria as condições para sobreviver sem a nossa presença constante.
Entretanto, o mundo que fomos construindo e em que vivemos não se rege pelas regras da natureza em geral, nem da biologia em específico.
A cultura que criámos também é a cultura que nos cria. E aí as regras são mais aleatórias do que na natureza e também mais arbitrárias do que gostaríamos de aceitar.
Na natureza é fácil identificar os perigos. Pode ser difícil escapar-lhes, mas é fácil saber quais são. Os animais maiores, os mais matreiros ou com veneno, o frio ou calor intenso ...
Na cultura que criámos, com regras aleatórias e arbitrárias, de onde vêm afinal os perigos?
Como vamos proteger e garantir a sobrevivência quando desconhecemos a gravidade do risco?
Vamos fazer um exercício...
Como é que protegemos as crianças de apanhar um choque elétrico? Ou de se magoarem seriamente, se o carro em que viajamos tiver um acidente? Ou de ter convulsões com febre?
Onde é que obtivemos essa informação preciosa que nos permite decidir de forma segura e determinada e dizer – “Não! Não podes ir sem cinto!” ou “Não podes pôr a mão na tomada”!
Lemos, perguntámos, consultámos um profissional?
Neste mundo em que todos nascemos “inacabados” e que cresce mais depressa do que o conseguimos perceber, mais depressa do que conseguimos “acabar”, como adultos temos que estar mais atentos, mais informados e mais apoiados por profissionais. Para depois podermos decidir de forma segura e determinada e dizer – “Não! Não podes ter o telemóvel à noite!” ou “Não! O acesso a esses conteúdos não é permitido!”
Proibir também pode ser proteger.
E essa é a nossa função como adultos.
Lembrem-se que nascemos “inacabados”.
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